MAZUNTE
Com dor no coração por ir embora de San José e porque a viagem está acabando (tenho somente mais uma semana) fui na sexta-feira, 20 de Janeiro, na hora do almoço pra Potchula. Eu também senti o poder de San Jose - e da casa de Catalina - de prender as pessoas e também tive vontade de ficar por ali. Mas, enfim a vida continua e minha opção de vida não é - ainda - a de viajeira... E também, eu queria muito conhecer o litoral do estado de Oaxaca, afinal estava há 3 horas dele.
Saímos eu, Jimena e Wagner rumo ao Pacífico. 3 horas de pura curva! Chegamos em Potchutla verdes, enjoadíssimos, com fome e muito calor (estávamos agasalhadíssimos, porque nas montanhas fazia muito frio). Em Potchutla muito sol e calor. Pegamos um caminhão para Mazunte, povoado que estava há mais ou menos meia hora de Potchutla.
Mazunte é um pequeno povoado que tem praticamente uma única rua onde se concentram pousadas, um pequeno comércio, restaurantes, campings, a escola... As pequenas ruas perpendiculares dão acesso à praia ou levam às casas e algumas hospedagens do povoado. Na frente da praia também estão os campings, pousadas, cabanas e restaurantes. O impressionante de Mazunte é que as decisões coletivas são tomadas em assembléias por a toda a comunidade. Duas decisões interessantes: os estrangeiros podem possuir propriedades no povoado, mas não podem lucrar; não pode haver discrepância entre as opções de hospedagem, ou seja, não pode haver grandes e sofisticadas pousadas ao lado de campings simples.
Amanhecer em Mazunte:
A vida segue muito tranqüila em Mazunte. O povoado é muito silencioso, barulho mesmo só dos pássaros que são muitos e que gritam o tempo todo. Aluguei uma cabana em frente ao mar e fiquei em Mazunte por 7 dias. A cabana ficava na propriedade de uma família que alugava espaços para camping e cabanas. Tavo é nativo de Mazunte, trabalha na pesca e nos passeios de barco; Patrícia, sua esposa, nascera numa praia próxima, cuida de todo trabalho doméstico. Tavo estava sempre tranqüilo, sentado olhando o mar, ajeitando uma coisa aqui outra ali na casa, batendo um papo com a gente. Patrícia estava sempre correndo pra cima e pra baixo, cuidando da casa, das roupas, alimentando as crianças. Era visível seu stress em seu cotidiano doméstico.
Junto ao casal moram dois filhos adolescentes, a netinha de Patrícia - de uns 3 anos e que fora deixada pela mãe para ser criada pela avó -, Laura - a filha mais velha -, seu filhinho e seu companheiro. Laura tem 17 anos e é mãe de um bebê de menos de 2 anos. Seu companheiro não aparenta ter mais de 18 anos. Nestes sete dias participamos do cotidiano da família e compartilhávamos com eles alguns espaços. Estávamos eu, Jimena (argentina), Wagner (brasileiro), Gerardo (Mexicano), um casal de mexicanos, Guillermo e sua namorada (dois espanhóis, ele malabarista que viajou pelo Brasil trabalhando nos faróis de cidades como Teresina, Belém do Pará, São Paulo; ela massagista e aprendiz de malabares) e outras pessoas que chegavam para acampar, como dois artesãos mexicanos. Um deles, também músico e fã da música brasileira, adorava O que será? e Construção, de Chico Buarque. Seu sonho era aprender a cantá-las em português (O que será? quase inteira ele sabia cantar em espanhol).
Minha cabana é a ultima antes de começarem as cadeiras e os guarda-sóis:
Teve dias em que eu, literalmente, só me movia da areia para o mar. Descanso, tranqüilidade total. Fui à praia de San Agustinillo, Zipolite, Ventanilla, Punta Cometa, Porto Angel e Marmecita, todas bem próximas à Mazunte e cada uma com uma beleza particular. No fim do dia era de praxe o por do sol em Punta Cometa, a ponta mais sul do pacífico mexicano.
Delicioso também era o banho no transparente e cheio de peixes coloridos Jacuzzi, uma espécie de piscina com hidromassagem natural. Dava vontade de ir embora? Cada lugar desse México com suas belezas particulares e especiais dá vontade de ficar. De todos os lugares que passei (DF, Mérida, Celestun, Valladolid, Cancun, Isla Mujeres, Tulum, Palenque, Lagos Monte Bellos, Frontera Corozal, San Cristóban de las casas, Oaxaca, San Jose del Pacífico e Mazunte) em pelo menos 3 destes lugares eu senti uma profunda vontade de ficar. Ficar mesmo, mergulhada por muito tempo. Mazunte foi um desses lugares.
Ida pro Jacuzzi e Punta Cometa com Michela, Jimena, Wagner, Jéssica e Alberto:
Apesar da tranqüilidade do povoado, há noites agitadas pelos bares e por um Centro Cultural do povoado. Das 6 noites que passei no povoado, em 4 teve boas baladinhas: apresentação de boas bandas de cumbia, salsa, blues, ska e um divertido show de um palhaço e uma trapezista. Alberto e suas duas amigas italianas Jessica e Michela - que estavam em San Jose - também chegaram em Mazunte; Salvatore, italiano que estava no Los Amigos em Oaxaca e na casa de Catalina também estava em Mazunte. Jimena (argentina) e Wagner (brasileiro) também eram companheiros de viagem desde Oaxaca. Ao grupo se somou Gerardo, mexicano, estudante de antropologia que pesquisa sobre os viajeiros... viajando e o casal de espanhóis.
Mazunte foi um especial quase-fim de viagem. O mar azul, as crianças na escola, a comunidade decidindo sobre seu povoado, os muitos pássaros que me acordavam todos os dias, o por do sol em Punta Cometa. Tudo isso reforçou minha crença de que é possível. É possível viver e acreditar. Acreditar que o mundo pode ser diferente.
Alê as fotos tão lindas, também, um lugar desses...uma das praias q mais curtir de oaxaca foi San Agustinillo, myo tranquilo e lindo, o povo aí é bem tranquilo...em oaxaca e chiapas tem um turismo de "ejido" ou seja, comunitário onde os nativos q controlam tudo e é mto legal, pq como eles são nativos daí e desde sempre vivem aí há gerações, eles têm uma preocupação mto forte em proteger o lugar, a natureza e a cultura, é mto massa!!!! lindas as fotos, fiquei com saudades desses lugares qnd vc começou a descrevê-lo...realmente oaxaca, em qlqr parte do estaod, seja na cidade, nas montanhas, nos vales centrais, nas praias, toda árte é mágica, viva oaxaca carajo y no más!
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