domingo, 15 de janeiro de 2012
foto tirada no povoado de Tlacolula, próximo à Oaxaca.
OAXACA
No dia 9 de Janeiro chegamos à Oaxaca. Angela foi embora dia 13(sexta) e eu fiquei até 16 (segunda). Ficamos no Hostel Los Amigos, muito simpático e bem localizado (pertinho do Zócalo). Tem sempre gente nova chegando, o clima é bacana e a galera que administra é muito gente fina. Tivemos sorte, na semana que passamos nos Los amigos, de encontrarmos excelentes cozinheiros: José Luiz (mexicano da região de Oaxaca, chef de cozinha), Marc-Aurélie (francês que há 4 anos viaja pelo mundo de carona e que trabalhou como cozinheiro por alguns lugares em que passou) e Wagner (brasileiro que há alguns anos mora em Buenos Aires, onde cursou gastronomia, e que também trabalhou como cozinheiro em uma churrascaria “brasileira“ na Venezuela). Em boa parte da semana tivemos boa comida compartilhada no Hostel. Teve o dia do feijão do Wagner, dos legumes ao curry do Marc e José Luiz mandou muito bem nos outros dias com pratos mexicanos como chouriço, tortillas e queijo (que preparou pra mim e pra Angela, mas que a maior galera comeu porque tinha muita comida) e frango com mole (o mole ele mesmo preparou). A galera comprava os ingredientes e ele cozinhava. Tudo isso ao som de muita musica, mescal, cerveja e gente hablando muitas línguas.
Em Oaxaca há muitas coisas para fazer: ir ao mercado Juárez, um grande mercado no centro onde tem de tudo. Passeando por seu interior vemos muitas vendedoras de comidas típicas. São em geral senhoras que, com seus aventais coloridos e seus longos cabelos trançados, nos oferecem as variadas opções preparadas com a base da sua alimentação há milhares de anos: o milho (tacos, tortilhas, tlayudas, quesadillas); as coloridas bancas de frutas, as carnicerias, as tendas de roupas, bolsas coloridas, roupas típicas, temperos e diversos condimentos, utensílios, coisas da China, as dulcerias... E assim, tudo o que se imagina e não se imagina há neste grande mercado. As mulheres estão muito presentes nos mercados mexicanos, e em Oaxaca não é diferente. São elas que vendem as comidas típicas ou os ingredientes para prepara-las e que estão em grande parte das variadas barracas.
Na cidade pode-se ainda visitar suas igrejas, o MACO (Museo de Arte Contemporanea de Oaxaca), o Complexo Santo Domingos (composto por uma igreja belíssima e um ex-monastério, hoje transformado em museu), o Jardim étnico-botânico. Muito interessante, porém caro: 50 pesos e só pode ser feito com um guia - mais ou menos 1:30h de tour pelo jardim. Seria muito mais interessante se pudéssemos caminhar livremente, mas provavelmente isso tenha a ver com o cuidado com sua preservação. Podemos ainda andar pelas ruas da cidade, passear pelo Zócalo (onde sempre há uma pequena orquestra no fim da tarde), ir ao cinema, às diversas mostras de arte e cultura que acontecem pela cidade. Pode-se visitar também seus arredores.
As ruínas de Monte Albán ficam a menos de meia hora de Oaxaca. Há também pequenos povoados bem perto onde se produzem famosos artesanatos em barro e em madeira.
JARDIM ETNICO-BOTANICO:
MUSEO NO COMPLEXO SÃO DOMINGOS:
Fizemos de tudo um pouco... Deu até pra ir ao cinema ver um belo documentário sobre uma família circense (com bate papo com a diretora ao final da sessão) e a um show no domingo de uma banda de Chihuaua que mistura acordeón, trompa e muita musica eletrônica.
CINEMA NO TEATRO DE OAXACA:
Apesar do frio estávamos bem animados. Depois do show fomos para uma festa em uma igreja. Era dia 15 de janeiro e pelo que parecia aquela era uma festa de navidad. Pois é, enquanto alguns lugares no Brasil se comemora o carnaval por alguns meses, no Mexico parece que isso acontece com os festejos natalinos. A festa era animada por uma bela banda que tocava umas musicas típicas mexicanas e por uma interessante queima de fogos de artifício. Abria-se uma espécie de meia lua e pessoas iam ao centro com uma armação na cabeça cheia de fogos de artifício. Enquanto dançavam com a armação na cabeça os fogos iam estourando numa sequencia de estrelas, cores, estouros bem bonitos, apesar de assustador em alguns momentos. Fora isso, grandes fogos de artifício eram soltos de canhoes de bambu e uma espécie de arvore de natal gigante também ia desencadeando a queima dos coloridos fogos de artifício.
RUÍNAS MONTE ÁLBAN:
Vista panoramica de Oaxaca quando estamos subindo pra Monte Alban:
Periferia de Oaxaca. "A periferia é periferia em qualquer lugar".
Alugamos um carro em 5 pessoas, José Luiz - que é oxaqueño - foi nosso excelente guia. Foi um dia muito especial. Visitamos o povoado de Tlacolula, Hierve L'água e 3 fábricas artesanais de maescal. Tomamos muito mescal... Na volta, paramos num povoado chamado Tule (onde se encontra a maior árvore do mundo) e comemos uma comida deliciosa.
IMAGENS DO MERCADO DO POVOADO DE TLACOLULA:
IGREJA EM TLACOLULA:
CAMINHO PRA HIERVE L'ÁGUA:
Maguey, planta com a qual se produz Mescal, uma espécie de aguardadente:
HIERVE L'ÁGUA:
FABRICAÇÃO ARTESANAL DE MESCAL (primeira fábrica que paramos)
plantação de maguey:
O mescal é uma espécie de cachaça preparada à base do maguei. Tira-se as folhas e o miolo que sobra é assado num grande buraco feito no chão (uma espécie de imensa fornalha). Depois é passado por uma moenda puxada por burros ou cavalos, fermentado e destilado.
2a. fábrica que paramos (San Dionísio)
Paramos um bom tempo na fábrica do Sr. Pedro em San Dionísio. Como José Luiz conhece bem a região, somos sempre bem recepcionados pelos fabricantes de mescal. Seu Pedro fabrica mescal há uns 40 anos. Me diz que tem 80 anos, mas aparenta muito menos. Seu neto, que tem trinta e poucos anos, viveu alguns anos nos Estados Unidos, onde esteve preso por 7 anos e foi sushi-man em um restaurante japonês.
Passamos algumas horas na companhia de seu Pedro e de seu neto, provamos de seu mescal e ele, provavelmente feliz com a chegada dos de fora, trouxe seu violão e pediu para que alguém tocasse alguma musica. Marc improvisou um animado reggae que falava sobre mescal, San Dionísio, México, Hierve L‘água. Foi uma tarde divertida e agradável. Estar ali com seu Pedro, compartilhar seu trabalho, mergulhar, pelo menos um pouco, na realidade daqueles - muitos - que partem do México à procura de uma vida melhor, sem nem sempre encontra-la, deixou aquela tarde mais especial.
Em um dos povoados que passamos acontecia um animado rodeio. Éramos as únicas pessoas de fora. Todos nos olhavam com um desconfiado, ainda mais porque conosco estava um negro com cabelos em dread.
De lá seguimos para outra fábrica onde provamos outros tipos de mescal. Varios tipos: fortes, fracos, super concentrados... Na foto abaixo mostramos que, apesar de muito mescal, ainda conseguimos fazer quatro (claro, cada um à sua maneira). Depois desta foto Marc-Aurélie literalmente capotou. O encontramos dormindo ao lado do fogão de lenha, caído no chão. O mescal caiu forte para ele. Depois de vomitar um bocado, Marc voltou no carro completamente desmaiado, enquanto nós parávamos em Tule para uma deliciosa comida.
3a. fábrica de mescal que visitamos:
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