quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

19.12 SEGUNDA-FEIRA
Ruínas da Cidade de Theotihuacan.
Mariachis






Teotihuacan ou Teotihuacán, é um sítio arqueológico localizado a 40 km da Cidade do México. Em aproximadamente 1:30h da capital chegamos até lá.
A caminho de Theotchuacan passamos pela periferia da capital mexicana. Quem já entrou em Salvador pela BR 324, em São Paulo pela rodovia dos Bandeirantes ou já esteve nas periferias da zona sul de SP ou de outras grandes cidades sabe que “a periferia é periferia em qualquer lugar”. De modo macro e micro, afinal estamos na Latinoamérica. O morro é agora de concreto cinza. O morro é monocromático.





Em Theotchuacan estão as pirâmides do sol e da lua. Incríveis. A mim me parece impossível ao chegarmos ao topo da pirâmide do sol (a mais alta) não refletirmos sobre o ponto em que chegou o homem e a nossa civilização, o que é desenvolvimento, progresso, ciência, conhecimento. O que é, para que e para quem existem.







Faz muito sol em Theotchuacan. Ao subirmos a pirâmide do sol é preciso parar a cada lance da escada para respirar. A cada lance a paisagem muda. A medida que ficamos mais altos estamos também mais pequenos. Penso nesse papel pedagógico da pirâmide: mostrar o quanto somos pequenos diante do mundo. Um certo temor ao mundo é também pedagógico. Ensina o respeito a ele. O homem moderno, senhor do mundo não o teme, ao contrário, o tem em suas mãos, o desrespeita o tempo todo. Tudo o que está ali em Theotchuacan ou em Nova York está por vontade e decisão humanas.





Ao chegar ao topo da pirâmide do sol entendo também porque os theotchuacnos conseguiam jogar seu futebol” com uma pelota tão grande e dura. Deviam ser os homens das super coxas. Fomos sentir os efeitos dos degruas na volta pra casa, ao subirmos as escadas do metro.





Passeamos por todo o sítio. Estamos felizes e curiosas. Sabemos tão pouco de tudo o que estamos vendo. Estar ali nos impõe uma obrigação. Lembro do que Maíra disse na noite anterior sobre seu desejo de querer ser professora de escola e sobre nossa discussão sobre a necessidade dos professores das escolas públicas serem altamente qualificados intelectualmente.

A pirâmide da lua é menor, mas não menos bonita. Entre as pedras que formam toda a construção há pedrinha redondas. Ângela lembra que parece uma imensa colcha de retalhos. E não será? Olhando de longe as pedrinhas parecem os pontos da costura feita por grandes agulhas. O senso estético aliado à uma geometria exata é primoroso.
Não conseguimos ver os murais de Theotchuacan. Terei que voltar.





Na volta para casa somos surpreendidos por uma batida policial. Maíra nos disse que isso é comum na Cidade do México. Há batidas policiais nas ruas, nas praias, nos ônibus. Nuno me disse que uma pessoa pode ser presa se for pega com uma lata de cerveja na Mao. Os policiais mandam todos os homens descerem do ônibus. O clima é tenso. Policiais femininas revistam nossas bolsas. Penso na naturalização dessa situação.
Após a saída dos policiais o clima tenso é quebrado por três rapazes que entram no ônibus com sanfona, violão e flauta andina cantando lindas canções, entre elas o hino do DF: “chorando se foi quem um dia só me fez chorar...”.







Ao chegar ao DF demos uma passada rápida na praça Garibaldi. Alí todas a noites se reúnem vários grupos de Mariachis que cantam e tocam para casais, famílias, grupos de pessoas. É tudo muito romântico. Lembro vagamente dos filmes de minha infância em que havia mariachis. Lembro de meu pai, porque ele de fato se parece com muitos eles. Fiquei meio intrigada com isso porque muitos senhores na rua lembravam meu pai. Lembro dele também porque as musicas dos mariachis se parecem com as sertanejas que ele gostava de ouvir na minha infância.. Lembro de uma recente expressão de revolta sua ao conversarmos sobre as ditas “sertanejas” atuais descartáveis.

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